Crianças arrecadam fundos em igreja e libertam 6 famílias da escravidão no Paquistão
- 03/09/2025
Durante uma escola bíblica de férias nos Estados Unidos, crianças se uniram para arrecadar dinheiro com o objetivo de resgatar famílias escravizadas em fábricas de tijolos no Paquistão.
Em uma visita à Igreja Evangélica Livre Hope em Onawa, Iowa, um missionário da organização cristã Global Christian Relief (GCR) apresentou a realidade enfrentada por muitos cristãos no Paquistão e falou sobre o “Projeto para a Liberdade”.
O projeto visa ajudar as famílias a escapar do trabalho escravo por meio do pagamento do valor legal para quitar a dívida de uma família, ferramentas ou treinamento de geração de renda e educação financeira.
“Mostrei vídeos de famílias que estavam presas há décadas e a alegria estampada em seus rostos no dia em que foram libertadas. Era possível sentir o peso disso na sala”, disse o missionário à GCR.
Em uma viagem recente ao Paquistão, o missionário da GCR conheceu uma família que orava por liberdade há 15 anos.
“No dia em que chegamos, essa oração foi atendida. Fomos com eles até o escritório do dono do forno, entregamos o cheque e vimos anos de dívidas — e desesperança — desaparecerem”, testemunhou ele.
Meses depois, os líderes da Hope se reuniram para definir o foco da missão para a Escola Bíblica de Férias de 2025. Para surpresa da organização, a igreja decidiu apoiar o projeto “Chave para a Liberdade”, estabelecendo a arrecadação de US$ 862 como objetivo
“Nosso melhor ano anterior foi em torno de US$ 700. Então, US$ 862 parecia um exagero — mas talvez conseguíssemos se realmente nos esforçássemos”, relatou Stan Johnson, pastor da Hope Evangelical Free Church.
A Escola Bíblica de Férias duraria três dias. O plano era simples: contar às crianças sobre o objetivo por meio de vídeos e convidá-las a contribuir.
‘As crianças abraçaram a missão’
No primeiro dia, as crianças depositaram suas doações na caixa de ofertas e, já naquela tarde, 70% da meta havia sido alcançada. Logo depois, uma família da igreja se ofereceu para igualar o valor arrecadado no dia.
No dia seguinte, mais uma família se apresentou com uma doação equivalente. Ao final da manhã, a meta original de US$ 862 havia sido superada: “O sonho de libertar uma família já era realidade”.
No último dia da Escola Bíblica de Férias, quando a líder se aproximou para anunciar o total arrecadado, ela não conseguia falar: “Ela estava chorando. Depois de um momento, leu o número em voz alta: U$ 5.219,02”, relembrou o missionário.
E continuou: “A sala ‘explodiu’. As crianças pularam, comemorando. Para uma igreja que achava que US$ 862 seria um exagero, o valor foi impressionante. O suficiente para libertar não uma, mas seis famílias”.
O pastor Stan destacou que não conseguia parar de sorrir ao ver o quanto as crianças abraçaram a missão.
"Até as crianças que normalmente não se empolgam muito ficaram cheias de alegria. E essa alegria era contagiante. Os adultos também. Foi simplesmente lindo de ver", disse ele.
"Parece que é algo que se torna parte do coração da nossa igreja, que não será algo apenas deste ano", acrescentou.
Por fim, o missionário relatou: “Graças à fé e à generosidade de um grupo de crianças na zona rural de Iowa, seis famílias no Paquistão sairão dos fornos para sempre. Continuo pensando nessas duas cenas: uma multidão de crianças, comemorando quando o número US$ 5.219,02 é anunciado e uma família no Paquistão, passando pelos portões do forno pela última vez”.
E concluiu dizendo: “Esse é o poder do corpo de Cristo. Uma dádiva dada em um canto do mundo se torna uma resposta à oração em outro. E, às vezes, Deus pega o que parece um exagero e transforma em um milagre”.
A escravidão nas fábricas de tijolos no Paquistão
Muitos trabalhadores cristãos são mantidos em regime de escravidão na indústria de olarias do Paquistão — uma prática ilegal, mas ainda amplamente tolerada no país.
De acordo com a organização, muitas famílias cristãs acabam presas nesse sistema após contraírem empréstimos relativamente pequenos — entre US$ 800 e US$ 1.000 — para cobrir despesas básicas, como alimentação, aluguel ou emergências médicas.
Recebendo apenas entre US$ 3 e US$ 5 por hora, com descontos por juros abusivos, esses trabalhadores muitas vezes ficam com apenas US$ 1,50 por dia. A dívida se acumula e, em muitos casos, se arrasta por décadas, mantendo gerações inteiras presas aos fornos.
Assim, os donos de fornos continuam a operar impunemente devido à corrupção e à falta de fiscalização das autoridades locais.
